sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Dica de evento na periferia de São Paulo


Dica de evento enviada pela querida amiga Cássia Souza, jornalista e editora do Café Gorki.

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2º SARAU DA ADEMAR

19/outubro - a partir das 16h


MÚSICA * POESIA * CULTURA
CAMARADAGEM * RESPEITO * RAP
CONSCIENTIZAÇÃO * LITERATURA
MOVIMENTO SOCIAL * VOCÊ

Show com as bandas Diébanus e Balanço Universal

Nakasa Rock MPB Bar

R. Públio Pimentel, 65 - (altura do 3850 da Av. Cupecê) - Cidade Ademar, São Paulo
Tel 5622-4410

Veja as fotos do último SARAU no blog:
http://saraudaademar.blogspot.com/

** PALAVRA, PODER PARA O POVO **

Reconhecida


Canta tua poesia engasgada

embranquecida no ritmo dos

dias todos tolos

Dias esquecidos todos roucos

irreconhecidos,irreconhecíveis

novos poucos.

Enquanto vivo meu mundo

amarelecido, desconhecido de mundos outros

Enquanto todos vivem seu mundo

embevecido, privativo

compulsório irrefletido

irremissível oco

Fala tua poesia rasgada

de versos incontidos

combativos do impessoal infinitivo

Infinito, sem fim, sem limite

definido

Dias reconhecidos em mundos outros

inserido, incumbido

de produzir o improduto

homem novo

reflexivo, referido

reagido ao desvalido mercantil enobrecido

informa, forma, manifesta uma prosa

poética polifilética

E desengasga teu canto

minha fala

reconhecida, proferida, individida

fala escancarada,

poesia,

desejada desterrada.

[ R.N. ]


Sobre a autora:

R.N. é uma querida amiga e camarada.
Me presenteou com esse pequeno poema no dia do meu aniversário (7/10).



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Mensagem aos leitores

Peço desculpas pela ausência.

Tive problemas técnicos com a internet, por isso não pude enviar as edições do A Desonra dos Poetas.

Agora retomamos o leme dessa pequena nau.

Saudações,

Alexandre Linares

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Alfa e Ômega


Um beijo
Encadeou rios
Em um só leito
Amante de um curso
perdido entre as águas

Quem estava agora na corrente
enquanto um pardal
flui em ouros cenários.

Deixa, se foi
nada se pode deter
Não tem jeito.


[ Nora Alarcón ]

Sobre a autora:
Nasceu em Ayacucho, Peru, em 1967. Estudou cinema e jornalismo.


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Versão original em espanhol:

Alfa e Omega

Un beso
Encadenó ríos
A un solo cauce
Amante de un curso
perdido entre las aguas

Quién estará ahora en la corriente
mientras ese gorrión
Fluye en otros escenarios


Deja, ya fue
nada se puede detener
No tiene remedio.


[ Nora Alarcón ]

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Cântico dos cânticos

( fragmento )

Quão belos são os teus pés
nas sandálias que trazes, ó filha de príncipe!
As colunas das tuas pernas são como anéis
trabalhados por mãos de artista.
o teu umbigo é uma taça arredondada,
que nunca está desprovida de vinho.
O teu ventre é como um monte de trigo
cercado de lírios.
Os teus dois seios são como dois filhinhos
gêmeos duma gazela.
O teu pescoço é como uma torre de marfim.
Os teus olhos são como as piscinas de Hesebon,
que estão situadas junto da porta de Bat-Rabim.
O teu nariz é como a torre do Líbano,
que olha para Damasco.
A tua cabeça levanta-se como o monte Carmelo;
os cabelos da tua cabeça são como a púrpura
um rei ficou preso às suas madeixas.
Quão formosa e encantadora és,
meu amor, minhas delícias!
A tua figura é semelhante a uma palmeira.
Eu disse. Subirei à palmeira,
e colherei os seus frutos.
Os teus seios serão, para mim, como cachos de uvas,
e o perfume da tua boca como o das maçãs.

[ Salomão ]


Para ler o texto completo do Cântico dos Cânticos:
http://www.dhnet.org.br/w3/henrique/espiritualidade/salomao/cantares.html

Sobre Salomão:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Salomão



Sobre Salomão e seus Cânticos

De todos os livros bíblicos, o de Salomão (chamado de Salmos) é possivelmente uma das contribuições literárias mais importantes da cultura judaíco-cristã-islâmica.


As três principais religiões monoteístas encaram Salomão como um dos seus.

Sou materialista convicto desde meus 14 anos.

Antes era materialista não muito convicto. Depois de ler o Testamento de Leon Trotsky e a Teses de Feuerbach do Marx me resolvi nos assuntos religiosos.

Na minha família sempre houve ecumenismo religioso que me deixava confuso. Catolicismo, Umbanda, Budismo e ainda tios evangélicos...

Trabalhando no comércio ambulante com meu pai soube que o respeito religioso é condição para vender.

Descobri isso também lendo as histórias do Conan, o Bárbaro que sabiamente aprendia tudo sobre as religiões por onde caminhava e só citava as divindades locais para ter o mínimo de proteção. Esse era o resultado dele crer em Crow, o deus da montanha dos cimérios, que pouco se importava com os seus adeptos.

Quando li esse poema, trecho do Cântico dos Cânticos me lembrei de dois filmes importantes. Filmes que me marcaram muito.

O primeiro foi o “As minas do Rei Salomão” adaptação para o cinema do clássico livro da aventuras de Allan Quatermain, o aventureiro da África criado e escrito por Henry Rider Haggard. Esse filme eu assisti em 1985, no cinema. Foi a primeira vez que fui ao cinema com meu pai. Era legendado. Não entendi muito, mas dei muita risada das imagens.

O segundo foi o “Footloose – Ritmo Louco” sobre uma cidade ultra-religiosa nos EUA onde a música para dançar, a bebida e o direito de festas foi havia sido proibida. E numa polêmica com os jovens que queriam fazer festas, uma disputa rola com os poderes municipais até que o ator principal pega a bíblia e cita as festas de Salomão onde rolava música e vinho.

Independentemente das opiniões religiosas de cada um dos leitores, recomendo a leitura deste trecho pois ele é belo.

E como gosto de lembrar a máxima preferida de Marx: “nada de humano me é estranho”.

Boa leitura.

Alexandre Linares

Livro "As minas do Rei Salomão" – Tradução de Eça de Queiróz
http://www.gutenberg.org/files/22015/22015-h/22015-h.htm

Clipe de "Footloose - Ritmo Louco"
http://www.youtube.com/watch?v=nwBbMXYDsXw

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

[ Machado de Assis ]




Leia mais poemas de Machado de Assis
http://www.jornaldepoesia.jor.br/machado.html

História interessantíssima (sobre Machado) - Wilson Martins
http://www.jornaldepoesia.jor.br/wilsonmartins132.html

Para saber mais sobre Machado de Assis
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Machado_de_Assis

Portal do Machado de Assis (com obra completa) desenvolvido pelo MEC
http://portal.mec.gov.br/machado




Mensagem aos leitores de Desonra dos Poetas

Eu sou um herege.

Desses que o frei dominicano Nicolau Eymerich não teria dúvidas de enviar para a fogueria.

Pouco lí de Machado de Assis.

Não tenho dúvidas: a escola me traumatizou.

Nem me lembro quando falaram para ler Machado de Assis na escola. Só sei que não passei da quinta página.

Do mesmo modo ocorreu com o José de Alencar. Esse sofreu mais. Quando a professora ordenou ler um obra sua, mas omitiu que o José de Alencar foi um ardoroso defensor da escravidão.

Antes de ler o livro indicado, lí sua biografia. Soube que no no Senado Imperial, denunciava os abolicionistas brasileiros como "haitianistas", pois queriam acabar com a exploração do trabalho escravo.

Na prova escrevi uma longa redação sobre porque me recusava a ler um escravocrata canalha. Foi divertido.

Mas no caso do Machado de Assis, acho que erraram os professores em propor um livro tão pesado para um jovem sem leitura e eu errei ao não me esforçar para conhecer esse fundador da literatura brasileira.

Tive sorte maior com o Eça de Queiroz. A minha querida professora Aliete, uma entusiasta da literatura, fez uma apresentação do autor português tão intensa, que quando peguei "A Relíquia", me intimei a chegar até a última página (inclusive colaborei de algum modo com a genial adaptação em Quadrinhos feita por Marcatti, que você pode ler um trecho clicando aqui). E olha que para chegar na página 100 foi com muito esforço. Depois deslanchou.

Algum tempo depois pude ler a um livro de crônicas do Machado de Assis. Lembro de uma chamada "Analfabetismo" de 1876. Era uma de uma indignação contra as instituições que sustentavam um país onde apenas 30% das pessoas sabiam ler.

Hoje, na data do centenário de morte de Machado, me coloco o problema de superar esse trauma e encarar a obra do Machado. Começo pela poesia.

Espero que gostem.

Alexandre Linares

PS1: Também homenageio os editores Antônio do Amaral Rocha e Valentim Facioli da Nankin Editorial
que tanto trabalham na divulgação dos estudos sobre Machado de Assis e da boa poesia também.

PS2: Um acaso. Na pesquisa encontrei essa crônica de Machado de Assis sobre José de Alencar.
http://portal.mec.gov.br/machado/arquivos/html/cronica/macr18.htm



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sextina e o cinema de Andrei Tarkovski


Aqui pouco descansa o público.
Quando o homem se encastela, bosque dos bosques
as jóias se convertem em flores, e a água
comporta e alerta um total de livros.
A luz nos conforta em cada cristal,
e cada gota vale por uma vida.

Aqui o cinema paga com a vida.
Cabe elevar e não esconder em público.
Abaixo, o pensamento; acima, o cristal.
A imagem e a palavra enlaçam bosques.
O tempo e a natureza se passam por livros
e a água rega o cinema com outra água.

Flui o tempo, justo como a água
que faz subir e descer da morte a vida.
Do presente e do passado faz cem livros,
e a resposta tem que ter bom público,
pois a madeira não entende que existam bosques,
nem paga, se é rico, quem quebra um cristal.

Blocos de tempo sobre este cristal
que lança o barro e deixa só a água,
o “filme” arma uma montagem onde campos e bosques
entram na rodagem, e tudo é vida.
Insufla o espírito. Decifra o público
os planos ou faz pipas com folhas de livros?

A água quieta de alguns livros
é corrente interna, e não há cristal
que não mostre um reflexo de imagem ao público;
assim como faz o pensamento, vai jogando a água
com uma corrente interna que dá vida
aos personagens através dos bosques

esculpidos em símbolos. Uns bosques
que se empobrecem sem som metidos em livros.
Tomemos outro estilo; vai embora a vida.
O tempo é um imenso palácio de cristal.
Não há sinal ausente sob esta água.
Respira o filme no espelho de um público.

Com freqüência o público olha e não vê. Bosques,
fogo, ar e água, no cinema como nos livros,
dão ao cristal uma virtude de vida.

[ Joan Brossa ]



Sobre Joan Brossa

Joan Brossa (1919-1998), um dos mais notáveis poetas da Espanha depois da Guerra Civil, viveu exclusivamente da sua arte poética. Trabalhou também com teatro, cinema, música, artes gráficas e plásticas. É autor de Gart (roteiro cinematográfico, 1948), Em va fer Joan Brossa (editado e impresso por João Cabral de Melo Neto, 1951), Poemes Civils (1961), Accions Musicals (poesia cênica combinada com música, 1975), Poemes-objete (1978), entre outros.

Eu recomendo o livro Poesia Vista de Joan Brossa
Editado pelos queridos amigos Stella, Vanderley e Barbão da Amauta Editorial, A seleção e tradução é do virtuoso Vanderley Mendonça.
http://www.amautaeditorial.com/index.php?secao=catalogo&idl=12&cl=4




Saiba mais sobre Joan Brossa

http://pt.wikipedia.org/wiki/Joan_Brossa
http://www.joanbrossa.org/



Sobre Andrei Tarkovski
http://www.jornaldepoesia.jor.br/ag39tarkovski.htm

http://www.geocities.com/contracampo/notassobreandreitarkovski.html


Filmografia completa (em inglês):
http://www.imdb.com/name/nm0001789/


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Sextina al cinema d'Andrei Tarkovski

[ Catalão ]

Aquí poc reposa el públic.
Quan I'home s'encastella, bosc dels boscos,
les joies esdevenen flors, i l'aigua
amara i posa alerta tot de llibres.
La llum ens reconforta en cada vidre,
i cada gota val per una vida.

Aquí el cine paga amb vida.
Toca elevar i no pas ronsejar en públic.
Per sota, el pensament; per sobre, vidre.
La imatge i la paraula enllacen boscos.
El temps i la natura es passen llibres,
i l'aigua rega el cine amb una altra aigua.

Flueix el temps, talment aigua
que fa pujar i baixar de mort a vida.
Del present i el passat en fa cent llibres,
i la resposta ha de tenir bon públic,
perquè el fustam no entén que hi hagi boscos,
ni paga, si és ric, qui trenca un vidre.

Blocs de temps sobre aquest vidre
que llença el fang i deixa només l'aigua,
el film arma un muntatge on camps i boscos
entren en el rodatge, i tot és vida.
Alena I'esperit. ¿Desxifra el públic
els plans o fa ocellets amb fulis de llibres?

L'aigua quieta d'uns llibres
és correntía interna, i no hi ha vidre
que no mostri un reflex d'imatge al públic;
tal com fa el pensament, va jugant l'aigua
amb un corrent intern que dóna vida
als personatges a través de boscos

tallats en símbols. Uns boscos
que s'empobreixen si es fiquen en llibres.
Prenguem un altre estil; hi va la vida.
El temps és un immens palau de vidre.
No hi ha senyal absent sota aquesta aigua.
Respira el film en el mirall d'un públic.

Sovint el públic mira i no veu. Boscos,
foc, aire i aigua, al cine com als llibres,
donen al vidre una virtut de vida.

[ Joan Brossa ]

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Sextina a el cine de Andrei Tarkovski

[ Catalão ]

Aquí poco descansa el público.
Cuando el hombre se encastilla, bosque de los bosques
las joyas se convierten en flores, y el agua
sujeta y alerta un todo de libros.
La luz nos conforta en cada cristal,
y cada gota vale por una vida.

Aquí el cine paga con la vida.
Toca elevar y no esconder en público.
Por debajo, el pensamiento; por encima, el cristal.
La imagen y la palabra enlazan bosques.
El tiempo y la naturaleza se pasan libros
y el agua riega el cine con otra agua.

Fluye el tiempo, justo como agua
que hace subir y bajar de muerte a vida.
Del presente y pasado hace cien libros,
y la respuesta tiene que tener buen público,
porque la madera no entiende que haya bosques,
ni paga, si es rico, quien rompe un cristal.

Bloques de tiempo sobre este cristal
que lanza el barro y deja solo el agua,
el "film" arma un montaje donde campos y bosques
entran en el rodaje, y todo es vida.
Insufla el espíritu. ¿Descifra el público
Los planos o hace pajaritas con hojas de libros?

El agua quieta de unos libros
es corriente interna, y no hay cristal
que no muestre un reflejo de imagen al público;
tal como el pensamiento hace, va jugando el agua
con una corriente interna que da vida
a los personajes a través de los bosques
tallados en símbolos. Unos bosques
que se empobrecen si son metidos en libros.
Tomemos otro estilo; nos va la vida.
El tiempo es un inmenso palacio de cristal.
No hay señal ausente bajo esta agua.
Respira el film en el espejo de un público.

A menudo el público mira y no ve. Bosques,
fuego, aire y agua, al cine como a los libros,
dan al cristal una virtud de vida.

[ Joan Brossa ]

Recorda-te um dia


Recorda-te um dia
desta cidade despedaçada
entre o barulho a besteira e a dor.
Criamos a infidelidade
o azul dos trottoirs de outro continente.
A loucura se tornou útil.
Dedicamo-nos a desenhar
portas de saída.


Desde teus olhos
o vazio está por reinventar.


Escuta a prece de nossos sexos
abafada pelo peso das palavras
o buraco de vosso blue jean
é a única janela
que dá para a esperança.
Todos sonhamos com trottoirs.
Os gritos de nossa nudez
são sem saída
como vossos silêncios.


[ Emmelie Prophéte ]



Emmelie Prophète é poeta haitiana.

Saiba mais sobre Emmelie Prophète (em francês):
http://www.lehman.cuny.edu/ile.en.ile/paroles/prophete_emmelie.html


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MENSAGEM AOS LEITORES

O Haiti é uma nação espetacular.

Era o maior tesouro da França do antigo regime. Representava sozinha 40% de todo comércio exterior francês.

Uma nação negra. O braço escravo que produzia o açúcar para Europa.

Esse braço tinha costas, e essas eram marcadas com o chicote.

Esse braço tinha olhos que podia ver a miséria e a injustiça que eram submetidos.

Esse mesmo braço escravo, também tinha ouvidos. E os ventos da Grande Revolução de 1789 sussurram suas divisas: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Toussaint L’Overture, o general do povo Haitiano ouviu. E organizou a luta. E abriu o caminho para revolução haitiana.

Por causa dele a termo haitianista tornou-se alcunha de qualquer um que lutasse pela

O ex-escravo Jean-Jaques Dessalines lutou e derrotou as forças de Napoleão e libertou o Haiti.

O povo negro haitiano mostrou que os escravos podem acabar quebrar os grilhões e com suas próprias mãos decidir seu futuro.

Mas as elites opressoras do mundo nunca perdoaram isso. O escritor Eduardo Galeano, autor de incrível As veias abertas da América Latina definiu isso como a “Maldição Branca” (clique aqui para baixa uma brochura da Juventude Revolução - IRJ com o texto), num texto muito claro e importante sobre a história do Haiti que recomendo.

Essa “Maldição Branca” é o ódio contra um povo que conquistou a liberdade. É o mesmo ódio usado Espártaco que com seu exército foi crucificado.

Ano após anos o povo do Haiti foi violentado em sua soberania. Estigmatizado. Ocupações, dívidas indenizatórias, ditaduras sangrentas de Papa Doc e Baby Doc... Tudo isso pois não aceitam que um povo tenha se libertado contra a opressão.

Hoje o Haiti está ocupado pela ONU. As tropas brasileiras comandam esse absurdo. O vídeo do jornalista estadunidense Kevin Pina: “O que se passa no Haiti?” (clique no link para assitir no google vídeo) está sendo divulgado em todo o Brasil.

No próximo dia 10 de outubro em várias partes do Brasil vão ocorrer manifestações pela retirada das tropas de ocupação do Haiti em todo o continente. No Brasil vão ocorrer manifestações em pelo menos 20 cidades. Em São Paulo será uma concentração as 17h na esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta, no escritório da presidência da República.

Ler esse poema da Emmelie Prophéte é uma demonstração clara que o Haiti e o povo haitiano devem decidir eles próprios o seu futuro. Sem ocupações e violações a sua soberania.

Perdoem-me pelo tamanho desta mensagem. Mas pelo Haiti, vale a pena.

Saudações,

Alexandre Linares
Editor -
http://desonradospoetas.blogspot.com

O Mar e a Borboleta


Porque ninguém lhe disse da fundura
a borboleta branca não tinha medo do mar
Era para ela uma plantação de folhas verde
se ao pousar, a asa tenra se gela no toque da água
e volta cansada como uma princesa
A borboleta, ressentida do mar de março sem flores,
sente a fina cintura gelar no crescente azul.


[ Kim Gui-rim ]

Leia a apresentação de Paulo Lemiski no livro "A moderna poesia coreana" onde este poema de Kim Gui-rim foi publicado:
http://www.libre.org.br/titulo_view.asp?ID=1428

Poema de Bei Dao


Para não me ajoelhar na Terra
contrastando assim
com a elevação do carrasco
que impede os ventos da liberdade


[ Bei Dao ]



Sobre o poeta e seus poemas:
Em 1989, Bei Dao estava no exterior, não pôde retornar a seu país, proibido pelo governo, em conseqüência do massacre promovido pela burocracia do Partido Comunista Chinês liderada por Deng Xiaoping. A razão foi que nas ruas em torno da praça da Paz Celestial, os manifestantes que pediam a liberdade, o socialismo sem a burocracia opressora e o fim da uma inflação em espiral ascendente carregavam seus versos em cartazes nas manifestações.



Estudante chinês enfrentando os tanques da burocracia chinesa em 1989.

Para saber mais sobre Bei Dao (em inglês):
http://en.wikipedia.org/wiki/Bei_Dao

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Estrela


Escutai! Se as estrelas se acendem
será por que alguém precisa delas?

Por que alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama,
por essas cuspidelas de pérolas?
Ei-lo aqui, pois, sufocado, ao meio-dia,
no coração dos turbilhões de poeira;
ei-lo, pois, que corre para o bom Deus,

temendo chegar atrasado,
e que lhe beija chorando
a mão fibrosa.
Implora! Precisa absolutamente
duma estrela lá no alto!
Jura! Que não poderia mais suportar

essa tortura de um céu sem estrelas!
Depois vai-se embora,
atormentado, mas bancando o gaiato
e diz a alguém que passa:
"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?
Não tens mais medo, hein?"

Escutai, pois! Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.


[
Vladimir
Maiakovski ]




Saiba mais sobre Maiakovski
:

http://www.apropucsp.org.br/revista/rcc01_r11.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Mayakovsky



Cronologia de Maiakovski
http://www.apropucsp.org.br/revista/rcc01_r10.htm

Cartazes de Maiakovski


Cartaz de propaganda do soviético


Poema gráfico para Lili Brik


Cartaz de propaganda do soviético


Cartaz de evento em homenagem aos 70 anos de Maiakovski desenhado por Marc Chagall

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dez chamamentos ao amigo


Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.


[ Hilda Hilst ]

Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.




Hilda Hilst na juventude.


Saiba mais sobre Hilda Hilst:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Hilst

http://www.artelivre.net/html/literatura/al_literatura_hilda_hilst_morte.htm

domingo, 21 de setembro de 2008

Polaco loco paca


É um curta metragem produzido no Rio Grande do Sul com apoio da prefeitura de Porto Alegre, nos anos 1980 com o Paulo Leminski e a Alice Ruiz.

Foi publicado no Youtube em duas partes e eu mostro à vocês.


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POLACO LOCO PACA - PARTE I
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POLACO LOCO PACA - PARTE II
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sábado, 20 de setembro de 2008

Devia ser proibido


devia ser proibido
uma saudade tão má
de uma pessoa tão boa
falar, gritar, reclamar
se a nossa voz não ecoa
dizer não vou mais voltar
sumir pelo mundo afora
alguém com tudo pra dar
tirar o seu corpo fora
devia ser proibido
estar do lado de cá
enquanto a lembrança voa
reviver, ter que lembrar
e calar por mais que doa
chorar, não mais respirar (ar)
dizer adeus, ir embora
você partir e ficar
pra outra vida, outra hora
devia ser proibido...


[ Alice Ruiz e Itamar Assumpção ]


Alice Ruiz e Itamar Assumpção


LEMBRANÇAS DESTE EDITOR

Esse poema/música acima foi uma sugestão da minha querida amiga e camarada de lutas Maíra Gentil diretamente de Salvador (BA). È a primeira sugestão que publico aqui. Por favor, sinta-se incentivados para mais sugestões.

Devia realmente ser proibido a saudade.

Mas o que seria da poesia se a palavra saudade fosse proibida? Seria a felicidade do tradutor, mas e o poeta? E aquele que ama e está longe de seu amor?

Por outro lado, colocar esses palavras da Alice Ruiz e do Itamar Assumpção é bom para recordar.

Num dia de sorte encontrei meu irmão e sempre camarada João Carlos que me arrastou numa apresentação do Itamar. Foi no Itaú Cultural.

Na ante-sala do Cabo da Boa Esperança, Itamar, dialogava com a morte, com suas várias facetas e idiomas. Esse emissário do fim, era interpretado pela Elke Maravilha. Nesse show, ele preparava o caminho para sentirmos saudade. Um show profundamente impressionante. Uma mistura de teatro, música e poesia intensa. Um momento único.

Obrigado Maíra e João Carlos.

Alexandre Linares

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os Amantes


Quem os vê andar pela cidade

se todos estão cegos?
Eles se tomam as mãos: algo fala
entre seus dedos, línguas doces

lambem a úmida palma, correm pelas falanges,
e acima a noite está cheia de olhos.


São os amantes, sua ilha flutua à deriva

rumo a mortes na relva, rumo a portos

que se abrem nos lençóis.
Tudo se desordena por entre eles,
tudo encontra seu signo escamoteado;

porém eles nem mesmo sabem
que enquanto rodam em sua amarga arena

há uma pausa na criação do nada

o tigre é um jardim que brinca.

Amanhece nos caminhões de lixo,
começam a sair os cegos,
o ministério abre suas portas.

Os amantes cansados se fitam e se tocam
uma vez mais antes de haurir o dia.


Já estão vestidos, já se vão pela rua.
E só então,
quando estão mortos, quando estão vestidos,
é que a cidade os recupera hipócrita
e lhes impõe os seus deveres quotidianos.


[ Julio Cortázar ]


Tradução de José Jeronymo Rivera




Original em espanhol


Los Amantes

¿Quién los ve andar por la ciudad
si están todos ciegos?
Ellos se toman de la mano: algo habla
entre sus dedos, lenguas dulces
lamen la húmeda palma, corren por las falanges,
y arriba está la noche llena de ojos.

Son los amantes, su isla flota a la deriva
hacia muertes de césped, hacia puertos
que se abren entre sábanas.
Todo se desordena a través de ellos,
toda encuentra su cifra escamoteada;
pero ellos ni siquiera saben
que mientras ruedan en su amarga arena
hay una pausa en la obra de la nada,
el tigre es un jardín que juega.

Amanece en los carros de basura,
empiezan a salir los ciegos,
el ministerio abre sus puertas.
Los amantes rendidos se miran y se tocan
una vez más antes de oler el día.

Ya están vestidos, ya se van por la calle.
Y es sólo entonces
cuando están muertos, cuando están vestidos,
que la ciudad los recupera hipócrita
y les impone los deberes cotidianos.



[ Julio Cortázar ]




Para saber mais sobre o Julio Cortázar:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Julio_Cortázar

http://www2.uol.com.br/entrelivros/multimidia/entrevista_de_julio_cortazar.html


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Dom da Poesia

(fragmento)

Deixa a palavra escorregar,
Como um jardim o âmbar e a cidra,

Magnânimo e distraído,

Devagar, devagar, devagar.

[ Boris Pasternak ]

Tradução de Augusto de Campos




Saiba mais sobre Boris Pasternak
http://pt.wikipedia.org/wiki/Boris_Pasternak

Canção


O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação


o peso
o peso que carregamos
é o amor.


Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -


sai para fora do coração
ardendo de pureza -


pois o fardo da vida
é o amor,


mas nós carregamos o peso
cansado
se assim temos que descansarnos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.


Nenhum descanso

sem amor,
nenhum sono
sem sonhosde amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo
quando negado:


o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.


Os corpos quentes
brilham
escuridão, a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -


sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltara
o corpo
em que nasci.

[ Allen Ginsberg ]

in Uivo, L&PM.1984, Tradução de Cláudio Willer



[ Allen Ginsberg — foto feita por by William S. Burroughs (1953) ]


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Saiba mais sobre Allen Ginsberg

http://pt.wikipedia.org/wiki/Allen_Ginsberg

http://www.revista.agulha.nom.br/ag26ginsberg.htm


Saiba mais sobre os Beatniks

http://pt.wikipedia.org/wiki/Geração_Beat

http://br.geocities.com/literaturabeat/cult2.htm

Uma fronteira para o grito

Inseguro entre o céu e a estepe, suspenso num fluir de roda gigante, embebido na minha nostalgia de centauros, eu devoro pedaços de musgo e raízes de plátano, estendido em jardins intermináveis onde se modelam arcanjos. Teria sido muito mais fácil escrever cartas de amor, para serem estendidas ao longo das estradas e pelas paredes dos tribunais – são inúteis para a vida, porém, estes poucos instintos que lentamente se devoram uns aos outros – sobra-nos apenas uma memória de fugas de amantes, a grandeza do gesto de um epiléptico, a solidão profunda dos grandes sedutores. Há sonhos, porém, que nos acometem com uma simetria de gaitas de fole - há também a necessidade de escrever testamentos, sempre obscuros, insultando os jardineiros das praças públicas, e aqueles que comem hóstias com uma regularidade de aranha e armazenam pontas de cigarros em cofres de aço, temerosos da posteridade. É absolutamente necessário, também, conclamarmos à união os famintos de santidade, os guardiões de serpentes e domadores de circo, os exploradores dos subterrâneos das pontes e viadutos, os exilados voluntários, para partirmos juntos em busca da inviolável liberdade dos caminhos seguidos ao acaso, e da verdade contida nas escadarias, pórticos e paredões desabados.

publicado em Anotações para um Apocalipse, 1964

[ Claudio Willer ]


Saiba mais sobre Claudio Willer
http://www.jornaldepoesia.jor.br/cw.html#bio

Um breve registro pessoal sobre Claudio Willer

Conheci ele por um acaso da vida. Num dia recebo um e-mail dele com o convite para a posse da UBE - União Brasileira dos Escritores. Eu nessa época trabalhava como editor e respondi para ele dando meus parabéns e minha saudação ao mandato dele como presidente da UBE. Isso foi em 2003.

Depois me dei conta que ele havia sido tradutor de diversos livros que eu simplesmente adorava como o clássico beatnik Uivo do Allan Ginsberg, os Escritos do Antonin Artaud e o belo livro Crônicas da Comuna reunindo vários textos de escritores que viveram durante a Comuna de Paris.

Quando pude conhecê-lo pessoalmente, minha admiração só aumentou. Convidei ele para se associar a luta contra a Guerra no Iraque, subscrevedo o manifesto NÃO EM NOSSO NOME, que ele acabou encabeçado no Brasil.

Convido todos vocês a conhecerem o restante da obra do Claudio Willer.

A.L.

terça-feira, 16 de setembro de 2008


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Mensagem aos leitores
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Nos últimos dias tenho enviados esses pequenos spams diários de poesia.

Chegaram ao meu e-mail algumas dúvidas e indagações das razões que fizeram brotar essa iniciativa.

Não tenho uma resposta pronta.

Acredito que a primeira razão é que eu gosto de poesia. E me deu na telha socializar minhas leituras.

A poesia sob certo aspecto é condutora de vida, ao sintetizar em palavras os sentimentos humanos. E como diria Terêncio no aforismo prededileto de Marx: "Nada do que é humano me é estranho".

Penso que poesia é uma forma de seduzir cada um pela emoção e pela sensibilidade.

É onde cada ser humano pode traduzir o que existe de profundo na alma.

E para qualquer um que esteja pela emancipação humana de todo tipo de opressão, a poesia é uma recanto de energia e libido. O velho revolucionário russo Leon Trotski diria que "A revolução trará não somente direito ao pão, mas também à poesia". É o que acredito.

Como o poeta surrealistas e ousado militante revolucionário Benjamin Peret penso que: "O poeta deve antes do mais tomar consciência da sua natureza e do seu lugar no mundo. É um inventor para o qual a descoberta não é mais do que o meio de atingir nova descoberta, pelo que tem de combater sem tréguas os deuses paralisantes que se obstinam a manter o homem servo das potências sociais e da divindade que se completam mutuamente. Há-de ser, pois, revolucionário, mas não daqueles que, opondo-se ao tirano de hoje, que lhes é nefasto por ser contrário aos seus interesses, louvam o de amanhã, de que já se instituiram servidores. Não, o poeta luta contra toda a opressão: a começar pela do homem pelo homem e a continuar pela opressão do seu pensamento pelos dogmas religiosos, filosóficos ou sociais. Combate para que o homem atinja um conhecimento de si próprio e do universo que se vá aperfeiçoando sem parar. Donde não se segue, porém, que deseje pôr a poesia ao serviço de uma acção política, mesmo que revolucionária. Mas a sua qualidade de poeta faz dele um revolucionário que tem de combater em todos os terrenos: o da poesia pelos meios próprios à poesia e o da acção social, sem nunca confundir os dois campos de acção, sob pena de restabelecer a confusão que há que dissipar, deixando assim de ser poeta, isto é, revolucionário."

Nesse e-mail diário peço licença para a cada dia depositar um poema (que podem ser na forma de palavras, imagens ou até vídeos) no e-mail de vocês. Quem não quiser receber mais, é só pedir. Quem quiser enviar o e-mail de alguém para receber também, fique a vontade. Quem quiser colaborar, eu agradeço.

Cada manifestação de vocês será bem-vinda.

Boa leitura.

Beijos e abraços,

Alexandre Linares


Minha finalidade

Turbilhão teleológico incoercível,
Que força alguma inibitória acalma,
Levou-me o crânio e pôs-lhe dentro a palma
Dos que amam apreender o Inapreensível!

Predeterminação imprescriptível
Oriunda da infra-astral Substância calma
Plasmou, aparelhou, talhou minha alma
Para cantar de preferência o Horrível!

Na canonização emocionante,
Da dor humana, sou maior que Dante,
— A águia dos latifúndios florentinos!

Sistematizo, soluçando, o Inferno...
E trago em mim, num sincronismo eterno
A fórmula de todos os destinos!

[ Augusto dos Anjos ]


Mais sobre Augusto dos Anjos

Verbete na Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

As Razões da Angústia de Augusto dos Anjos
http://www.jornaldepoesia.jor.br/augusto16.html

O poeta do Eu está mudando de público
http://www.jornaldepoesia.jor.br/augusto20.html


Volto Na Primavera

antes que eu te deixe
deixe eu dar um gole em você
não é mole
viver sem ninguém
cair de porre até o verão
tirar um sarro do teu coração
me conte um sonho
pra sonhar no outono
depois me deixe ir
ou se puder me espera
volto na primavera
quando acabar a primavera
volto na primavera
quando acabar a primavera

[ Alice Ruiz ]


Mais sobre Alice Ruiz


http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_Ruiz


Aço e Flor

Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.

[ Paulo Lemiski ]


Saiba mais sobre o Leminki

http://www.jornaldepoesia.jor.br/pl.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Leminski

Haikai

Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante.

[ Matsuo Bashô ]


Saiba mais sobre Bashô


http://pt.wikipedia.org/wiki/Matsuô_Bashô