terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dez chamamentos ao amigo


Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.


[ Hilda Hilst ]

Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.




Hilda Hilst na juventude.


Saiba mais sobre Hilda Hilst:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Hilst

http://www.artelivre.net/html/literatura/al_literatura_hilda_hilst_morte.htm

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